Por Maria Sena - Cineasta
Ouso nomear essa frase de Euclides da Cunha, ao conhecer pessoalmente algumas pessoas como Crispim, Abel, Ita, Sr. Francisco, Sr. Antônio, Sr. Anísio, da comunidade de Buriti Cristalino. Outros de apalpar a história de vida deles como o Sr. José Barreto e o Sr. Zé do Virgílio, e certamente muitos outros que não conheci.
Todos com uma coisa em comum: Sertanejos acostumados à dura lida do campo e todos submetidos à mais cruel injustiça, ao mais deslavado desmando, a dor mais pungente, o maior ultraje e a pior violência.
Todos eles inocentes de qualquer coisa o que torna mais abominável o comportamento dos assassinos de aluguel como Sérgio Paranhos Fleury e seu grupo de facínoras e mais de 260 homens do exército brasileiro comandados pelo Major Nilton Cerqueira que espalharam o terror em Brotas de Macaúbas no ano de 1971.
Tinham eles muito ódio e muito medo. Carlos Lamarca desertou de suas fileiras com uma carreira brilhante pela frente. Não quis compactuar com a ditadura sanguinária que um golpe de estado colocou no poder e que perseguia operários, camponeses e estudantes. Prenderam, torturaram e assassinaram centenas de pessoas.
Foi nesse período à caçada insana à Lamarca e a Zequinha Barreto, filho mais velho do Sr. José Barreto que trouxe Lamarca para o sertão. Invadiram sua casa e assassinaram seu filho Otoniel Barreto de apenas 20 anos, Luiz Antônio Santa Bárbara, que vivia com a família Barreto e era professor de adultos e crianças, e atiraram para matar Olderico Barreto, outro filho do Sr. José, que milagrosamente sobreviveu às balas e á tortura ficando anos na prisão.
Tanto o delegado quanto o major não tinham idéia da classe de homens com que estavam lidando. Eram de uma extirpe rara: compõem a reserva moral da nação brasileira. Estavam na frente: por isso encontraram cobras, mas foram os que viram as borboletas voarem anunciando o novo dia, senão para eles, para os filhos dessa Pátria que após a luta e o martírio deles descortinaram as conquistas da liberdade de hoje.
A Democracia que desfrutamos é obra deles e seguirão presentes para sempre conosco, pois sempre vamos nos lembrar que nossos passos são a herança de seu caminhar.
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